domingo, 31 de março de 2013

Moraes Moreira - Tocando a Vida (1986)

Depois das apresentações "oficiais" do blog (fiquei muito feliz com a resposta) é melhor eu ir postando mais alguma coisa. Senão vão achar que é fogo-de-palha, né? O que acontece é que eu estou realmente meio sem tempo, o que pra mim não é novidade. Probleminhas acadêmicos! Mas a boa notícia é que em breve eu me libero, então a ideia é postar pelo menos um disco por semana. Se tudo der certo, até dezembro de dois mil e lá vai pedrada acho que eu termino isso. Certo, vamos ao disco.
Tocando a Vida tem uma parceria de Leminski com Morae Moreira, Alma de Guitarra. Como todo mundo sabe, pro tio Lema rock é contracultura, então a guitarra não vai ser, vamos dizer, comportada. Sua rebeldia, no entanto, é por uma boa causa. Ela só quer um mundo melhor: "...estou rouca de tanto gritar, pedindo um mundo melhor..."
Musicalmente muito bem trabalhada, as guitarras e o arranjo da faixa ficam a cargo de nada mais nada menos que Pepeu Gomes. O músico baiano, muito esperto, em seu arranjo faz ecoar o riff de Purple Haze, do Hendrix, ícone elétrico. Além disso, alude também ao hino nacional brasileiro, Brasil que sempre precisa melhorar. Haja guitarra!
A letra e a cifra de Alma de Guitarra foram publicadas num livro infantil de Moraes, cujo título é o mesmo do disco em questão. Outra hora eu posto as imagens.
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quinta-feira, 21 de março de 2013

Paulinho Boca de Cantor - Prazer de Viver (1982)

Neste disco temos a canção Se Houver Céu, a qual Leminski fez tanto a letra quanto a música. Seu destaque, sem dúvida, é a melodia, coisa que Leminski aprendeu a manejar já desde sua estada no Mosteiro de São Bento. Nas palavras do autor, "uma melodia exata, precisa, desenhada." Precisa falar mais alguma coisa?
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Se Houver Céu
(Paulo Leminski)

Se houvér céu depois da terra
E nessa estrela a eterna primavera
Pudera, tomara que a vida quisera
Que a gente se encontrará

Prouta vida fica,
Nosso amor mais louco
Fica tudo muito mais bonito,
Fica a dica que faltou por pouco

Se houver céu

Se houver céu
Como nessa vida não há
A gente se achou neguinha
A gente se econtrará
A gente se encontrará



O próprio polaco em performance:


Diversos - Optimum In Habeas Coppus (1991)

Neste disco temos Morena Absoluta, uma parceria de Leminski e Moraes Moreira, interpretada por Reinaldo Godinho. O samba foi lançado por Moraes em 1986, no disco Mestiço É Isso. "Morena, morena, morena absoluta/eu sei que você me acha um filho da luta/alguém que só sabe bater/alguém que só sabe chorar", diz a letra. Porque será, hem? Quid est? Multusne coppus in hoc bari?
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Diversos - êta nóis! (1984)

Disco mineiro independente, conta com a canção moto contínuo. Trata-se de um poema do livro Não Fosse Isso e Era Menos - Não Fosse Tanto e Era Quase, musicado por Marta Strauch. O encarte desse Lp é demais e a letra de moto contínuo, muito bem ilustrada, surge desenhando um círculo, que, a princípio, não parece poder parar. É o amor, essa roda que sempre gira - e a cada virada vai virando rima (ou raiva!).
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Detrito Federal - Vítimas do Milagre (1987)

Melhor poema não poderia ter sido musicado, para uma banda punk rock. Aqui temos Adolecência, publicado originalmente no livro Caprichos e Relaxos e posteriormente musicado por essa turma de Brasília. Revolta, inconformismo, no establishments. Numa espécie de Youngismo forever, não querem entrar nessa de "pilar da sociedade", "terminar o curso de direito", coisas corriqueiras da modernidade e antiguidade. Mas não se enganem:  tal recusa não é excesso de preguiça, claro, é apenas falta de fé. Esse poema também foi musicado por Marinho Gallera e está no disco Fazia Poezia.
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quarta-feira, 20 de março de 2013

Quem ama Deus, ama música


Em causa própria - para reavivar a memória de Aramis Millarch




E para realizar o Ctrl c + Ctrl v:

Em seu último (ou mais recente?) número, o prestimoso tablóide “Raiz”, da Secretaria de Cultura e Esporte, abordou a música popular paranaense, esse objeto de ficção, tema da literatura fantástica, como as esfinges, as sereias e a hidra de Lerna.
Nele, nosso Aramis Millarch, impávida memória da raça, num artigo editorial que se pretende abrangente sobre à MPB, comete algumas amnésias que me apresso em preencher.
Esquecimento, é uma coisa.
Até a memória do Aramis deve falhar, às vezes...
Injustiça é outra coisa.
O repórter termina sua matéria com a frase bombástica:
“No Paraná, responda rápido, quantos discos de artistas paranaenses foram gravados nos últimos dez anos? E quem conseguiu, realmente, uma projeção, não digo nem nacional, mas ao menos regional?”
Não tenho pretensões a projeções, o que me parece ambição própria de foguete da NASA ou míssil balístico intercontinental.
Mas tenho dado minhas cacetadas, como diria o Didi dos Trapalhões.
De 1981 (“Verdura”, gravada por Caetano Veloso), entre músicas e letras só minhas, e letras com parceiros, Estou presente em dezesseis Lps gravados, não independentes, por gravadoras do eixo Rio-S. Paulo.
Ei-las, já que ninguém teve o trabalho ou a decência de lembrá-las, nesta aldeia ingrata, pântano de rancor, inveja e maledicência, vila madrasta que nos condena a todos, onde todos nos condenamos à mediocridade e ao silêncio.

CANÇÕES SÓ MINHAS
(letra e música)

Verdura, interpretada por Caetano Veloso, no LP “Outras Palavras”, Philips.
1981. Verdura, cantada por Caetano, é tema musical do filme “O Reis da Vela”, de Zé Celso Martinez e Noilton, filmagem da peça de Oswald de Andrade.
Mudança de Estação, pela cor do som, no LP de mesmo nome, 1981, Odeon. Com A Cor do Som a música foi cantada no Fantástico, na Globo.
Valeu, interpretada por Paulinho Boca de Cantor, no LP de mesmo nome, JQN discos, 1981.
Razão, pela Cor do Som, no LP “Magia Tropical”, 1983, Odeon.
Se Houver Céu, Por Paulinho Boca de Cantor, no LP “Prazer de Viver”, Poliygram, 1982.

PARCERIAS
(como letrista e músico)

Oração de um Suicida (com Pedro Leminski) Sou Legal, Eu Sei, Não Posso Ver, Palavras, Hoje, Marinheiro, Quanto Tempo Mais, com Ivo Rodrigues, no LP “Blindagem”, 1981, Continental.
Xixi nas estrelas, Circo Pirado, Milonguera, Cadê Vocês?, Frevo Palhaço, o Prazer do Poder, Viva a Vitamina, no LP Pirlimpimpim, 1984, Sigla/Som Livre. Esse LP, que eu fiz com Guilherme Arantes, foi a trilha sonora de uma musical infantil da Globo, que saiu numa Sexta Super. Xixi nas estrelas, que tocou no Brasil inteiro, foi o nome do Show de Guilherme Arantes, no Canecão e no Maksoud Plaza, em São Paulo.
Vamos Nessa, no LP por Itamar Assunção, no LP “Sampa Midnight”, 1986.
COM MORAES MOREIRA [sitação isolada de parceiro, o próprio sacava que essa foi a melhor parceria]
Decote Pronunciado, Pernambuco Meu e Baile no Meu Coração, no LP “Coisa Acesa”, 1982, Ariola. Baile no Meu Coração também foi gravada pelo MPB4, no LP “Caminhos Livres”, 1983, Ariola. E foi gravada em Portugal pelo conjunto Os Trovantes.
Teu Cabelo, Oxalá no LP “Pintando o Oito”, 1983, Ariola.
Mancha de Dendê não sai, no LP de mesmo nome, 1984, CBS.
Alma de Guitarra, no LP “Instrumentos de Deus”, 1985, CBS.
Morena Absolura, Desejo Manifesto, no LP “Mestiço é isso”, 1986, CBS.
Sempre Angela, no LP “Sempre Ângela”, de Angela Maria, 1984, Odeon.
Promessas Demais, no LP “Mato Grosso”, de Ney Matogrosso, 1982, Ariola, tema da novela “Paraíso”, da Globo.
E aí, meu caro Aramis Millarch, como é que fica? Ou você só tem ouvidos para Airton Moreira e Flora Purim?
Vamos e venhamos, meu amigo. É muita ignorância e amnésia para quem é considerado a memória absoluta do jornalismo cultural de Curitiba.
Ou será que seria outra coisa?

sexta-feira, 8 de março de 2013