sábado, 23 de novembro de 2013

Lírico Leminski (coletânea)

A partir destas 26 canções, podemos visualizar um grande panorama da obra cancional de Paulo Leminski. Para a escolha destas, buscou-se encontrar um ajuste entre relevância histórica, diversidade de gêneros e parceiros e o gosto pessoal do compilador.
Se você deseja se aprofundar ainda mais na obra musical de Leminski, recomendo começar ouvindo os discos completos da banda Blindagem, o disco Pirlimpimpim II, o disco fazia poesia, de Marinho Gallera, e a obra de Moraes Moreira. Em todos estes casos, encontrar-se-á muitas músicas do poeta.

Baixe a coletânea aqui;

Ouça on-line pelo grooveshark;


Faixas:
[música (autores) | artista | disco | ano]

01) Luva de pelica (Paulo Leminski e banda A Chave) | A Chave | De Ponta Cabeça (Ensaio – Bootleg) | 1977;

02) Razão (Paulo Leminski) | A Cor do Som | Magia Tropical | 1982;

03) Mudança de Estação (Paulo Leminski) | A Cor do Som | Mudança de Estação | 1981;

04) Polonaise II (Paulo Leminski; Anna Toledo) | Anna Toledo | Viva! | 2001;

05) Além Alma (Paulo Leminski; Arnaldo Antunes) | Arnaldo Antunes | Um Som | 1998;

06) Filho de Santa Maria (Paulo Leminski; Itamar Assumpção) | Bernardo Pellegrini e o Bando do Cão Sem Dono | Quero Seu Endereço | 1997;

07) Oração de Um Suicida (Paulo Leminski; Pedro Leminski) | Blindagem | Blindagem | 1981;

08) Marinheiro (Paulo Leminski; Ivo Rodrigues) | Blindagem | Blindagem | 1981;

09) Verdura (Paulo Leminski) | Caetano Veloso | Outras Palavras | 1981;

10) Alles Plastik (Paulo Leminski; Carlos Careqa; Adriano Távora; Madalena Petzl; Volker Ludwig) | Carlos Careqa | Os Homens São Todos Iguais | 1993;

11) Oxalá (Cesta Cheia de Sexta) (Paulo Leminski; Moraes Moreira) | Gilberto Gil | To Be Alive Is Good: Anos 80 | 2002;

12) Xixi Nas Estrelas (Paulo Leminski; Guilherme Arantes) | Guilherme Arantes | Pirlimpimpim 2 | 1984;

13) Vamos Nessa (Paulo Leminski; Itamar Assumpção) | Itamar Assumpção | Sampa Midnight - Isso Não Vai Ficar Assim | 1986;

14) Polonaise (Paulo Leminski; Adem Michiowics; José Miguel Wisnik) | José Miguel Wisnik | José Miguel Wisnik | 1992;

15) Flor de Cheiro (Paulo Leminski) | Marinho Gallera | Fazia Poesia | 2004;

16) Nóis Fumo (Paulo Leminski; Alice Ruiz) | Marinho Gallera | Fazia Poesia | 2004;

17) Reza (Paulo Leminski; Zeca Baleiro) | Miriam Maria | Rosa Fervida Em Mel | 2000;

18) A Grande Ciranda (Paulo Leminski; Moraes Moreira) | Moraes Moreira | 50 Carnavais | 1997;

19) Pernambuco “Meu” (Paulo Leminski; Moraes Moreira) | Moraes Moreira | Coisa Acesa | 1982;

20) Mancha de Dendê Não Sai (Paulo Leminski; Moraes Moreira) | Moraes Moreira | Mancha de Dendê Não Sai | 1984;

21) Alma de Guitarra (Paulo Leminski; Moraes Moreira) | Moraes Moreira | Tocando a Vida | 1985;

22) Promessas Demais (Paulo Leminski; Moraes Moreira; Zeca Barreto) | Ney Matogroso | Mato Grosso | 1982;

23) Homem do Sul (Paulo Leminski) | Paulo Leminski | Entrevista Aramis Millarch | 1982;

24) Luzes (Paulo Leminski) | Suzana Salles | Suzana Salles | 1994;

25) Tudo A Mil (Paulo Leminski; Vange Milliet) | Tudo Em Mim Anda a Mil | 2002;

26) Festa-Feira (Paulo Leminski; Celso Loch) | Diversos | MAPA – Movimento Atuação Paiol | 1976;

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Gilberto Gil - To Be Alive Is Good-Anos 80 (2002)

Neste disco encontra-se a canção Oxalá (Sexta Cheia de Sexta). Segundo informações do próprio encarte do disco: “Composta por Moraes Moreira e Paulo Leminski, foi oferecida primeiramente a Gil para seu álbum de 1982 – quando ele voltou dos Estados Unidos e começou a gravar novas bases. O disco foi totalmente reformulado após um intervalo, quando Gil fundou sua Banda Um e recomeçou os trabalhos. Descartada, 'Cesta Cheia de Sexta' acabou sendo gravada pelo próprio Moraes em seu LP “Pintando o Oito” (Ariola, 1983).”

lmsk (mp3 + imagens)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Brilha O Cometa Caetano


BRILHA O COMETA CAETANO1
Simples, sofisticado: o “show” de Cae que estreou em Curitiba

Paulo Leminski


CORES, NOMES

Se São Paulo já foi chamada de túmulo do samba, Curitiba, de certa forma a principal cidade do interior de São Paulo, era até a pouco a pirâmide com ar condicionado de todas as artes, onde jazia, impávido colosso, o sarcófago do vampiro daltônico (de Dalton Trevisan, por favor).

Todavia ventos mais cálidos começam a soprar entre os ipês da única capital do Brasil que, uma vez na vida, vê neve.

A ponto de Caetano Veloso dar partida na tournée nacional do seu show Cores, Nomes no burgo de Jayme Lerner, quando uma experiência de urbanismo social-democrata, quase européia, orquestrada pelo própria burgomestre, está substituindo o (raro) calor atmosférico pela tepidez humana do convívio e do encontro.

Pasmo foi ver Caetano substituir uma ojeriza antiga, conforme ele mesmo conta, por uma paixão inesperada.

“Gosto das coisas que dão certo.”

E exemplificou:

“A Rede Globo, Curitiba...”

Quem lotou o Guairão nos três dias de Cores, Nomes foi uma Curitiba especializada. Os caetanistas são gente especial. Os muito jovens, os não tão jovens, um tanto ou quanto contraculturais, artistas, artistas da vida ou em idade de arte. Para eles, em Curitiba Caetano apresentou, em première nacional, seu show mais simples e mais sofisticado. Algumas cores. Alguns nomes. Momentos de estesia. De beleza pura, terreno no qual Caetano é imbatível. Afinal, que mistério tem Clarice?

Ao longo de quase trinta músicas, o mago de Santo Amaro vai entremeando antigos sucessos com as canções do seu mais recente LP, um meandro caprichoso, que tem seus orgasmos na caetaníssima Sina, de Djavan, a mais nova paixão musical do “Cavaleiro de Jorge”.

Esta, aliás, a música com que começa a cavalgada das tropicais valquírias de Cores, Nomes.

Daí, Caetano salta para Cajuína, Menina do Anel de Lua e Estrela, Badauê, do LP anterior, para desembocar em Ilê Ayê, deste LP, com letra do seu filho Moreno.

De repente, Caetano se lembra de Subaé e da urgência de purificá-lo, dando a esse riacho que atravessa sua terra a grandeza de um símbolo ecológico.

Cores, Nomes, vibram os políticos, traz um Caetano explicitamente preocupado como os problemas da tribo e da espécie. Lá está E Ele Me Deu um Beijo na Boca que não me deixa mentir. Esse beijo-provocação, de homem para homem.

Com sua movimentação roqueira, jaggeriana, Caetano toma o Trem das Cores, como se sabe, um veículo que só pára em todas as amizades coloridas de que este final de século é capaz.

Billy-hollydayana a interpretação de Meu Bem, Meu Mal.

E, no final, Caetano ainda se Queixa, pondo para fora, com o público, tudo o que um homem pode ter contra uma mulher.

Nesse show, by the way, Caetano continua o mesmo. O mesmo conjunto. O mesmo estilo de se apresentar. O mesmo nível de sempre do maior poeta-cantor da música popular brasileira.

O último a chegar é fã de Fagner.


1 Publicado na revista Isto É, em 12 de maio de 1982. Foi publicado também como anexo da dissertação de mestrado "Leminski lírico: um estudo sobre as canções do poeta Paulo". Disponível em: http://tede.ufsc.br/teses/PLIT0561-D.pdf.

Subversive Rock

SUBVERSIVE ROCK1 

Paulo Leminski


Titãs. Ultraje a Rigor. Legião Urbana. Ira! RPM. Paralamas do Sucesso. Lobão. Cazuza. Subversão, teu nome é "rock-and-roll".

Vamos lá, moçada. Vamos mostrar que era pouco, muito pouco, o que Geraldo "Caminhando" Vandré2, Chico Buarque, Sérgio Ricardo e Gonzaguinha nos apresentaram como jeitos de dizer "eu não quero", "não estou nessa", "o rei está nu".

Vamos dizer o que eles não podiam dizer. Bichos, saiam dos lixos3. Nós vamos invadir sua praia4. Me chamam de bicha, vagabundo e maconheiro, mas transformaram este país num puteiro5. Vai lá, Arnaldo, e berra, "Jesus não tem dentes no país dos banguelas"6. Filho de quê? Filho de quê? Nome de mãe não vale, Roger, do Ultrage?7 Quem não deixa dizer? Brasil escroto das mil bandas das garagens de periferia, você pensa que a moçada ia ficar quieta? Não seja idiota, Brasil. Isso que fizeram com você não se perdoa. A gente grita, a gente agita, a gente sua. Tua vez, Cazuza, herói e mártir das revoluções invisíveis, as terríveis mutações que ninguém previa. O monstro, a maravilha, o fantasma da ópera, Frankenstein de acrílico, os Inocentes do Leblon, lá vai um Beijo à Força8 e um jato de cuspe de ácido sulfúrico dentro do olho, Buñuel cão andaluz.

Entenderam? Não? Não interessa. Vamos ao que interessa. Estado violência, Estado hipocrisia. Toma vergonha na cara, Brasil. Brasil, você, Brasil, eu, Brasil, nós, Brasil, até transformar essa vergonha em nação. Polícia, para quem precisa de polícia9. Está precisando de alguma coisa? Sim, realmente, esta cidade está se tornando inabitável. Sim, eu disse inabitável. Não adianta mudar. Dentro de cinco anos, o paraíso vai estar como este lugar aqui. Bares em chamas, bares cheios, escolas vazias, todo mundo buscando um endereço dentro da explosão. Som? Passaremos a cavalo sobre os plácidos prados de Mozart, cossacos shiitas trucidando todas as ordens. E haja Jimmi Hendrix. E haja Janis Joplin. E haja gritos e ranger de dentes para você (EU DISSE VOCÊ!) que pensa que tudo não passa de alguma coisa que passa enquanto você não nota que tudo passa, como passa você. Você que não sabia (no fundo, você sabia) que alguma coisa monstruosa (UMA COISA MONSTRUOSA) ia acontecer no seu rádio, na sua vitrola, no seu vídeo, na sua videovida, sim, vai, está acontecendo. Você finge que não vê, não ouve, não sente. Isso é coisa de pedra, não é coisa de gente. Você está sentindo. Dói fundo. Dói tanto em você quanto em todo mundo. Essa dor vai longe. Você vai ver. Não existe bomba atômica que faça o "rock-and-roll" desaparecer. Sinto no ar um vazamento de usina nuclear. Respiro fundo. Explodir tudo é a melhor coisa deste mundo.

Não se iludam senhores. Arnaldo Antunes vai morrer. Renato Russo vai. Cazuza esta morto. Pelo menos, temos alguma coisa em comum. Essa mania de correr atrás de dinheiro. Esse desprezo pela miséria de ter nascido brasileiro. Essas coisas que a gente conhece pelo cheiro. Essa vida falsa, essas cenas que se reprisam, esse dia-a-dia que nos anestesia. Rock, a gente encontra em toda a parte, em Londres, em Tókio, em Marte. Agora, também em Moscou. Moscou, Moscou, "rock-and-roll", Lênin e Trótski, o vento levou. Quem diz o que rola agora? Raul, seixas o que fostes outrora! Pau na mula, pé na tábua, Nova York é logo ali. Força, moçada! Mais um pouco, e a gente já não nasceu no Brasil.

Calma, calma, não há razões pra pânico. O teatro está em chamas mas o décimo sétimo batalhão de bombeiros está a postos para resgatar as vítimas de primeiro, segundo e terceiro grau. Enquanto os feridos são socorridos, olhos e ouvidos atentos para os nossos patrocinadores.

NOTAS (Foi publicado também como anexo da dissertação de mestrado "Leminski lírico: um estudo sobre as canções do poeta Paulo", de onde foram retiradas as notas. Disponível em: http://tede.ufsc.br/teses/PLIT0561-D.pdf):

1 Publicado no jornal Folha de Londrina, em 14 de abril de 1989. O texto se inicia com uma colagem de letras de músicas de bandas de rock and rolI que surgiram como uma retomada do gênero na década de 1980, cuja ideologia subversiva atentava, em grande parte, para questões sociais. Vamos indicando algumas dessas referências durante o texto.

2 Geraldo Vandré ganhou evidência pela música apresentada no Festival Internacional da Canção de 1968, Pra não dizer que não falei das flores. Embora o autor não goste da "etiqueta", ficou estigmatizado, através dessa música, como um compositor de canções de protesto, que na década de 1970, fizeram resistência ao regime militar implantado no Brasil. Todos os outro compositores desse parágrafo também fizeram composição de conteúdo crítico à ditadura e à questões socais como um todo.

3 "Bichos, saiam dos lixos", excerto da canção Bichos Escrotos, da banda Titãs, lançada no disco Cabeça Dinossauro, 1986.

4 Nós vamos invadir sua praia é a faixa-título do disco da banda Ultrage a Rigor, lançado em 1985.

5 O período alude à canção O Tempo Não Para, do compositor Cazuza, lançada em 1989, em disco de mesmo nome.

6 Jesus não tem dentes no país dos banguelas é a sétima faixa de disco de mesmo nome da banda de rock Titãs.

7 Referência à segunda faixa, Filha da Puta, do disco Crescendo, da banda Ultrage a Rigor, lançado em 1989.

8 Beijo AA Força é o nome de uma banda de punk rock fundada em Curitiba, na década de 1980.

9 Referência a canção Polícia, lançada no álbum Cabeça Dinossauro, da banda Titãs, 1986.

Como Era Boa a Nossa Banda

COMO ERA BOA A NOSSA BANDA1

Paulo Leminski

O mais velho da banda era o baterista que tinha um nome complicado, alguma coisa como Xerox, Clets, Ptyx, uma coisa dessas.

Já tinha passado por tudo.

Era um dos sobreviventes do Festival da Ilha de Wight, onde quem não foi eletrocutado pelos barridos elefantinos da guitarra de Jimmi Hendrix, afundou numa lâmina de ketchup e cocaína ou virou personagem do livro do Bivar.

Tinha voltado para a América do Sul numa leva de ex-exilados, cada um com seu livro de memórias guerrilheiras debaixo do braço, hoje, todos candidatos a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, a firma brasileira de móveis que fabrica as cadeiras mais duráveis, tão duráveis que alguns dizem que são imortais.

Xerox já chegava com uma larga bagagem musical na mochila. Tinha tocado berimbau na gravação do primeiro compacto do grupo inglês The Crazy Doctors and The Moneymakers, que fez muito sucesso naquela semana na Holanda, onde parece que qualquer coisa faz sucesso.

Tinha, além disso, substituído o baixista dos Debil Mentals of the Outer-World, no show em Chicago, onde foi aplaudido de pé por todas as oito pessoas presentes, entre as quais se destacava a mãe do vocalista, dona Shelley Cockintheass, entusiasmada como sempre com os agudos do Júnior.

Às vezes, a gente tinha a impressão que Xerox já tinha estado em toda a parte. E ao mesmo tempo, o que é mais grave.

Nos deu toques incríveis. Foi com ele que aprendemos a diferença entre um saxofone e uma bicicleta. Quem jamais preparou um frango xadrez como ele? Sem ele, não teríamos chegado a este lugar no “hit-parade”.

Os baixistas são gente diferente. Jóquei era assim, soturno, solene, sóbrio, como todos os baixistas. Acho que é influência daquele tum-tum profundo do baixo, aquilo muda as pessoas, pelo menos, os baixistas. O problema é que era quem mais bebia na banda. Tinha bolado um baixo oco, com espaço para encher de vodca. Uma noite, numa gravação com os Motherfuckers, estava tão bêbado que passou a noite inteira tocando uma só nota, e foi aplaudido como se fosse Jobim tocando o samba de uma nota só.

Barato mesmo era nosso guitarrista. Guitarrista, vocês sabem, são a coqueluche das menininhas. Ele fica ali com a guitarra fazendo umas coisas que parecem outras coisas, e elas adoram. Nosso guitarrista era o máximo, o gato mais lindo que jamais babou sobre as cordas de uma “fender”. Nunca tinha tocado guitarra. Só soubemos disso depois do estouro do nosso segundo compacto. Aí, já era tarde. O compacto já tinha vendido 100.000 cópias.

O vocal, às vezes, ficava por conta do guitarrista. Às vezes, por conta de todos. Às vezes por conta do próprio público, que cantava nossas canções, enquanto procurávamos nos entender no palco. Às vezes a gente conseguia.

Além do baterista, tínhamos também um percussionista, “boleteiro” como ele só. Justiça seja feita, nunca vi ninguém bater igual a ele. Não contente em bater em bongôs, atabaques e pandeiros, batia na mulher, na mulher dele, na mulher dos outros, o tipo do cara que batia em todo o mundo. Um dia ele bateu tanto num espelho, na hora que acordou, que ficou com as mãos inutilizadas para sempre. Mas, enfim, o mundo está cheio de percussionistas. E não tardamos a descobrir Mongol, o verdugo das baquetas, que ficou conosco até o fim.

Robby não tocava nada. Em compensação era na casa da mãe dele que a gente guardava os instrumentos. Assim, o nome dele aparece na ficha técnica dos nossos três compactos.

Que tempos pessoal!

Só a gente sabia. Mas era a maior banda que jamais houve no mundo.

NOTAS (Foi publicado também como anexo da dissertação de mestrado "Leminski lírico: um estudo sobre as canções do poeta Paulo", de onde foram retiradas as notas. Disponível em: http://tede.ufsc.br/teses/PLIT0561-D.pdf):

1 Publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo, em 23 out. 1985. Texto retrospectivo que é, curiosamente foi republicado no jornal Folha de Londrina, em 07 de abril de 1989, dois meses antes da morte de Leminski.

Pororoca

POROROCA1

Paulo Leminski

O acontecimento mais importante da cultura brasileira, nos últimos dez anos, corre o perigo de passar despercebido.

Os conformistas continuam falando que continuamos vivendo num “deserto de idéias”, ignorando que debaixo de seus próprios pés se agitam incontáveis lençóis petrolíferos, capazes, como nos ensinam os noticiários recentes, de alterar os destinos do mundo. Ou do caldo de cultura onde, como diz São Paulo de seu Deus, “nos movemos, atuamos e somos”.

Me refiro à pororoca, nome que dou ao choque entre a onda paulista e a onda baiana. Paulistas: os poetas concretos. Baianos: a tropicália. Os nomes: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.

Assim como o encontro entre o rio Amazonas e o oceano Atlântico provoca uma comoção singularíssima, a ponte São Paulo-Bahia deverá nortear e desnortear os destinos da cultura brasileira nos próximos decênios.

Nessa comparação com a pororoca amazônica, os concretos paulistas exercem o papel do mar. São a abertura para o exterior.

O rio é a tropicália baiana: a excepcionalidade do menino maior, Caetano, que reduziu a alegria à sua equação elementar. Alegria = alegria. O “trobar clus” de Gilberto Gil (trobar clus = “compor fechado” era a escola dos trovadores provençais que compunham difícil, em contraposição aos que facilitavam no “trobar léu” = compor leve). O objeto mal e mal identificado. O violão bem afinado, o disco bem gravado: o nome no mercado, o empresário bem cotado. Esse buraco onde caiu o negro gato de Roberto Carlos, Macalé chamado e jazzista nato: filho de francês e crioulo, como só acontece em New Orleans (Macalé cantou num desses Woodstocks caboclos e “eu sou um NEGRO GATO de arrepiar” de Roberto Carlos, engatando porém na palavra buraco, pelo menos 20 vezes. Me disse ele: “pra fazer um buraco na cabeça de quem ouvia”. Poesia, me disse Pedro Leminski, é a arte de dar um branco da cuca de quem lê. Ou escuta, acrescento eu.) A sublime loucura de Sailor-moon, outrora Wally Salomão. Segurando as pontas para dar um troço. O judeu errante, Mautner, convertido à Bahia, sem medo da selva africana graças à cancha que adquiriu na concha acústica de Copacabana: beat, banjo & crazy pop rock. O fantasma de Torquato Neto, “suicide beau”, irmão em solução final de Maiakovski, exímio na arte, exato, dando uma de ausência – como Hendrix. O glamour de Gal, da Graça ou dos estados de graça, musa feita estrela. Bethânia, a betoneira, digerindo sentimentos como quem começa a dar pancada nas paredes industriais do mundo de mercado: sintamos, irmãos. São sintomas. Bahia: antes, trivial variado do samba enredo; agora, lugar comum do turismo. Ao fundo, João Gilberto (o único João, o João máximo, tão joão que resgatou do anonimato onomástico essa banalidade de chamar-se João, o joão gostoso, o joão dissonância: this is what bossanova is all about).

Graças tropicais & industriais, de um, de repente e de todos.

PAUSA

Enfim veio a pororoca. O encontro do mar com o rio.

O “know-how” de 20 e tantos anos da poesia concreta paulista trazia a marca dos grandes produtos industriais do sul. O acento gringo. O irlandês dos Brown (Augusto e Haroldo são BROWN de Campos). O osasquês de Décio, bárbaro bizantino, operário do ABC, filho de pignataro = “oleiro”. O jingle filarmônico de Rogério Duprat. O plano piloto da Poesia Concreta, gêmeo do de Brasília. Marketing e informação em dia.

O lugar ao sol de séculos de Bahia – África, revelado, num momento de festival e vaias, (via Duprat, arranjador mor da Tropicália), fazendo trocadilho, mudando os Mutantes, brincando palavras, botando pudim de abacaxi na formiga dos tamanduás nacionais (os acéfalos que meteram no olho da rua o júri que premiava “Cabeça”, de Walter Franco. Caetano “Salvador é uma cidade de muita personalidade”. Triste Bahia, de Gregório de Matos. Transas. Os números cabalísticos: 2222. Na terra onde inventam instrumentos, viver é “luxe, calme et volupté” (Baudelaire): lá até os deuses têm pedigree (black power). É onde não se lançam os dados, mas os búzios. Onde se dizem palavras novas: babalorixá, amaralina, acarajé, o-ba-lalá, calmarja, anticomputador sentimental.

O encontro do rio com o mar – não físico mas químico, ou melhor, alquímico – só poderia dar um resultado comparável à conjunção do salitre, carvão e enxofre: pólvora. O influxo do novo mundo verbal e semiótico dos concretos paulistas sobre os geniais compositores baianos: o sangue e o suingue novo dos baianos nas geniais equações da paulicéia estruturada.

Caetano teve a macheza jagunça de quebrar a cara numa gravação experimental como “Araça Azul” (O Azur de Mallarmé), pelado, muitas vezes pelado, em sinal de grande pureza, como disse Lígia, ao interpretar certo a má versão que eu estava dando da capa da bolacha (eu falava em contraste/contradição entre a capa naturista e o disco – erudito).

Paulistices, dirão os baianistas autênticos. Não tem nada: a pororoca esta aí para isso mesmo. Para Augusto de Campos sair em vôos Lupicínios, por terrenos sonados e dissonados pelo Mestre João. Os quais já eram da intimidade de Zé-Lino Grünewald, enrustido naquela de grande crítico de cinema quando a sua magnitude está em todas.

Zé-Lino: o que preferiu dar a impressão de ficar para trás porque pretendia chegar antes. Nostalgia, cafonália. Ruy Castro entendia e a gente se atrapalhava.

Pororoca: São Paulo + Bahia. A indústria, o folclore. Os internacionais e a região, incrível, não acham?

FATOS

Augusto de Campos, de longe o mais notável crítico da música popular brasileira, empatou todo o seu prestígio intelectual em Caetano, quando o Brasil inteiro se dedicava meticulosamente em apedrejar o menino de Santo Amaro.

Pensou bem e escreveu: “É proibido proibir os Baianos”. “A explosão de Alegria-Alegria”, quando era moda permanente achar que aquilo tudo era moda passageira.

Os tempos por vir falaram mais alto. Diriam que Caetano e Gil eram mesmo os legítimos inventores da nova música popular brasileira, aberta, avessa a xenofobias míopes, ciosa do seu futuro.

O assunto do primeiro papo entre Augusto e Caetano foi uma tara comum: Lupicínio Rodrigues. O Lupicínio do Acaso: o acaso de “se acaso você chegasse”. Seria o mesmo acaso cibernético de Mallarmé, objeto de uma poema ortogonal de Augusto de Campos (le Hasard)? O acaso que aproximou Augusto e Caetano?

NOTAS (Foi publicado também como anexo da dissertação de mestrado "Leminski lírico: um estudo sobre as canções do poeta Paulo", de onde foram retiradas as notas. Disponível em: http://tede.ufsc.br/teses/PLIT0561-D.pdf.)

1 Publicado no jornal Diário do Paraná, em 17 jun. 1977. “Pororoca” é o encontro do rio Amazonas com o Oceano Atlântico. Leminski usa o fenômeno como alegoria ao encontro do concretismo com o tropicalismo, que seria a união entre o europeu e o tropical.

Por Amor A Gil

POR AMOR A GIL1

Paulo Leminski

Por amor a Gil, contrariando meus hábitos eremíticos e notívagos, vou estar no auditório da Folha hoje, às cinco horas da tarde, participando da série de papos sobre MPB, parte dos festejos comemorativos dos vinte anos de vida artística (pública) de Gilberto Gil.
Na efeméride, pretendo apresentar um número especial que preparei, uma tradução dos sons da sanfona (primeiro instrumento que Gil praticou) para montagens "joyceanas" e de ideogramas concretistas (minha homenagem a São Paulo). Espero, dessa forma, agradar a gregos e baianos, granjeando, assim, simpatias, quiçá adesões, para o partido que decidi anunciar na ocasião, o coração partido.
Não estarei sozinho. Levo comigo minhas convicções democráticas e a Fratura Exposta, minha banda "regae-new wave", que fará um "happening" dedicado a John Cage, enquanto eu recito, de cor, a lista telefônica de São João Del Rey, em memória de Tancredo Neves.
Não contente com isso, planejo discutir, à luz do mais puro "marxismo-leninismo", a proposta do encontro, que é "um bonde chamado desbunde".2 Na ocasião vou levantar a discussão da oportunidade de estarmos ali debatendo um tema tão vago, quando podíamos estar, alegremente, participando da assembleia-geral de algumas das greves que hoje, em S. Paulo, já estão se transformando em verdadeiras atrações turísticas.
Eu vou entrar com as luzes todas apagadas. Vou acender um cigarro e, nesse momento, as luzes todas se acendem e iluminam a plateia, com um brilho cegante. A equipe da Rede Globo tem ordens para começar a filmar exatamente nesse ponto, iniciando por uma panorâmica do auditório, onde já se pode vislumbrar Fernado Henrique Cardoso, Christiane Torloni, Luis Melodia, d. Evaristo Arns, Lula, Gaiarsa, Maguila, você, você e você.
Na mesa, o público vai começar a identificar alguns dos seus ídolos.
Deste momento em diante, o roteiro é um pouco livre, liberdade que eu faço questão que seja dirigida por Zé Celso Martinez Corrêa.
Passado o frêmito inaugural, serenados os ânimos da massa enlouquecida, começa o verdadeiro espetáculo, misto de teatro "kabuki" e "missa negra", baile de formatura e decisão do campeonato carioca.
Desnecessário dizer que o Glauco vai estar lá, acompanhado pelo Geraldão e pela mãe (do Geraldão, não do Glauco, é claro).
A seguir, vai ser entregue ao poeta Antônio Risério o diploma do título de "Cidadão Honorário" de Salvador, uma bobagem, claro, já que Risério é de Salvador, mas o Zé Celso insistiu, e eu achei melhor não discutir Shakespeare com alguém que já tinha dirigido "O Rei da Vela".
Risério deverá chorar durante um minuto, dizer que não tem palavras para agradecer aquela homenagem e, comovido, passar o microfone para o outro Antônio, Bivar, que vai contar a história do desbunde, desde o paleolítico até a ilha de Wight, e apresentar sua teoria de que o "Homo Sapiens" já foi substituído pelo "Homo desbundans".
Quando o Bivar falar "é isso daí, bicho", entram os comerciais. Um grupo "punk" de Vila Mariana irrompe em cena, batendo uns nos outros e entoando palavras de ordem "Krishna". Rogério Duarte, o único de nós que arranha um pouco de sânscrito, vai começar a explicar o sentido da palavra "sat-cit-ananda", quando já se ouvem os relâmpagos dos Stones, em "Undercover of the Night", anunciando a entrada de Ezequiel Neves.
Nosso Zeca Jagger deverá levar meia hora explicando as razões que levaram o Cazuza a se afastar do Barão Vermelho, deixando ao Frejat a espinhosa tarefa de levar, sozinho, a "bandeira vermelha" do Barão até o primeiro lugar na lista do "hit parade".
Não há, realmente, o que a gente não faça por amor a Gil. Nesse exato instante, irrompe no recinto o Matinas Suzuki que, armado de uma espada samurai, tenta cortar o fio do microfone, no que será impedido por uma voz dizendo:
- Sem forma revolucionária, não há arte revolucionária.
Matinas hesita, olha em volta, e sai intempestivamente, deixando atrás de si um rastro de murmúrios.
Claro que vivemos em tempos "pós-tudo", de indeterminação pré-apocalíptica, "cageana", tudo sujeito aos arbítrios do "I-Ching".
Não quer dizer que as coisas vão se passar exatamente assim.
A arte moderna, vocês sabem, comporta uma dimensão muito grande de acaso, de improvisação, de criação momentânea.
No final, alguém oferecerá o microfone ao poeta Waly Salomão. Coisa perfeitamente dispensável, uma vez que o dito, como uma cimitarra, já está nas mãos do bardo arábico há mais de meia hora.
Quem tiver alguma coisa melhor para fazer, pode dizer abertamente, que a gente não liga. Nós já estamos acostumados com ingratidão.
Quem não tiver, pode aparecer.
O traje é esporte, a entrada é franca, a saída é pela esquerda, a vida é curta, o diálogo é fundamental, a praça é do povo, o céu é do condor, a reforma agrária vem aí, a censura acabou, a gente faz o que pode, a vitória é nossa, a noite é uma criança, a viagem é longa, a carne é fraca, o rei da brincadeira é José, o rei da confusão é João, Deus é mais.
Não vai ser um barato?

NOTAS (retiradas do anexo de dissertação de mestrado "Leminski lírico: um estudo sobre as canções do poeta Paulo", disponível em: http://tede.ufsc.br/teses/PLIT0561-D.pdf)

1 Publicado no jornal Folha de S. Paulo, em 13 de novembro de 1985. Este texto, uma espécie de conto fantástico, tem seu pé na realidade. O evento ao qual Leminski se refere realmente aconteceu, foi o “Gil 20 Anos Luz”, em comemoração aos 20 anos da carreira do compositor baiano. Na programação consta um debate com participação de Leminski intitulado “Música de Massa – Brasil e Modernidade”, previsto para o dia 15 de novembro. O evento todo ia de 12 a 17 de novembro de 1985.
2 Título de um debate do evento. Entre os debatedores, Jorge Mautner e Tárik de Souza.

Marinho Gallera - Fazia poesia - Marinho Gallera, Paulo Leminski e mais (2004)


Esse disco é inteiro dedicado à parcerias de Marinho Gallera com Leminski, salvo poucas exceções. Flor de Cheiro, Quem Faz Amor Faz Barulho e Caixa Furada são exclusivamente de Leminski; Live With Me é um poema de Shakespeare musica pelo poeta e Nóis Fumo é uma parceria dele (a única) com a poeta (e esposa) Alice Ruiz. Enfim, este é simplesmente o disco já lançado com o maior número de canções com a participação do cachorrolouco. 16 faixas, ao todo.
Destaques: Flor de Cheiro, Quem Faz Amor Faz Barulho, Nóis Fumo (tudo opinião pessoal de mim mesmo).
O samba-canção Flor de Cheiro é considero a primeira composição de Leminski, criado enquanto o mesmo tocava violão com seu irmão Pedro Leminski, em finais de 1960. Você encontra uma análise mais "acadêmica" de Flor de Cheiro aqui, coisa de quem mexe com canção.

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Bibliografia

Textos que tratam especificamente da obra musical de Leminski:

CALIXTO, Fabiano. No Corpo da voz: a poesia-música de Paulo Leminski. In: CALIXTO, Fabiano; DICK, André (Orgs.). A linha que nunca termina. Rio de Janeiro: Lamparina, 2004.

LOPES, Adélia Maria. O Poeta da face pop. O Estado do Paraná, 6 de junho de 199. Transcrição em:
http://liricoleminski.blogspot.com.br/2014/04/o-poeta-da-face-pop-o-estado-do-parana.html

OLIVEIRA JUNIOR, J. V. Leminski lírico: um estudo sobre as canções do poeta Paulo. Dissertação (Mestrado em Literatura) - UFSC, 2013. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/107200/320230.pdf?sequence=1

SANDMANN, Marcelo. Nalgum lugar entre o experimentalismo e a canção popular: as cartas de Paulo Leminski a Régis Bonvicino. Revista Letras, n. 52. Curitiba: Editora da UFPR, 1999. Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/letras/article/viewFile/18946/12266

SANDMANN, Marcelo. Na cadeia de sons nada vida: literatura e música popular na obra de Paulo Leminski. Crítica Cultural, vol. 4, nº 1. Disponível em: http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/critica/0401/040106.pdf

SANTHIAGO, Ricardo. “Hoje grafo no tempo”: a produção cancional de Paulo Leminski. Disponível em: <www.repom.ufsc.br>. Acesso em: 12 out. 2009. Disponível em: http://www.repom.ufsc.br/repom5/leminski/lem.htm

VAZ, Toninho. As canções de Leminski. Revista Bravo, junho de 2013. Disponível em: http://bravonline.abril.com.br/materia/as-cancoes-de-leminski#image=190-mu-paulo-leminski-1

sábado, 2 de novembro de 2013

Vange Milliet - Tudo Em Mim Anda a Mil (2002)

Neste CD, podemos ouvir a canção Tudo A Mil. Trata-se de um poema de Leminski, publicado no livro La Vie En Close, musicado por Milliet.

Depois de uma rápida passagem pelas Ciências Sociais na USP e pela propaganda, na ESPM, Vange iniciou sua carreira em 1988, em dupla com Chico César. Os dois ainda atuavam em outras áreas (ela era fotógrafa e Chico, jornalista), quando decidiram assumir a música.
Neste percurso trabalhou com artistas tão diversos como o mestre Zé Kéti, o guitarreiro Luis Vagner e Itamar Assumpção (nas bandas "Isca de Polícia" e "Orquídeas"). A partir de 1994 inicia trabalho solo acompanhada da banda "Paulada na Moleira", formada por Paulo Lepetit (baixo), Chico César (violão e backing-vocal) e Renato Braz (percussão e backing-vocal). Com esta formação grava seu primeiro disco "Vange Milliet". Neste CD, que já virou cult, Vange apresentou ao público os então desconhecidos, Zeca Baleiro, Lenine, Chico César, André Abujamra e Rita Ribeiro. Muito bem recebido no Brasil e no exterior, o disco é um dos marcos iniciais da chamada "nova geração da música brasileira".
Em 1998 lança "Arrepiô" , firmando-se como compositora em parcerias com Chico César, Zeca Baleiro e Itamar Assumpção. Com este trabalho excursiona pelo Brasil, Europa e África, e recebe críticas positivas até no Japão. Gravou em "Santagustin" espetáculo do Grupo Corpo de dança, com trilha composta por Tom Zé, que estreou em agosto de 2002. Seu terceiro disco é "Tudo em mim anda a mil", com produção de Paulo Lepetit e Zeca Baleiro. (fonte: wikipedia)

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Anna Toledo - Viva! (2001)

Neste álbum, encontra-se a canção Polonaise II. A obra é um poema de Leminski, publicado no livro Poloanises e musicado por Toledo. A canção, Polonaise II, tem esse título pois José Miguel Wisnik  já havia musicado antes a epígrafe do mesmo livro, e intitulou a canção de Polonaise.

Apontada pela crítica especializada como a grande revelação da música paranaense, a cantora Anna Toledo lança o primeiro CD,
Viva! - Dabliú Discos. Senhora de uma afinação especialíssima, Anna Toledo transita com facilidade desde os standards do jazz aos clássicos da MPB, suas grandes influências. Essa habilidade lhe rendeu ser considerada referência de bom gosto na noite curitibana.
Viva! flerta com sonoridades pop e reverencia compositores clássicos com as peculiares regravações de Você Só... Mente, de Noel Rosa e a preguiçosa Samba e Amor, de Chico Buarque de Holanda. Com tons delicados e versos intimistas, destacam-se as canções Navegar, Farol da Noite e Trilha Sonora, do compositor paranaense Sérgio Justen que, somadas à interpretação personalíssima da cantora, confirmam o potencial de Anna Toledo. Atenção também deve ser dada à Une Chanson Triste, de Herbert Vianna, em forma de blues.
Como compositora revela-se nas canções
Virgínia, Vagamente e Polonaise II, musicando o belo poema de Paulo Leminski.
Viva! é um bom momento de uma cantora em ascensão, que imprime sua forte personalidade em cada interpretação, determinando seu estilo extremamente particular e precioso.
Promessa de grande intérprete da nossa MPB.
(fonte: http://www.mpbnet.com.br/musicos/anna.toledo/)

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oswaldo rios - retrovisor (2003)

Neste CD, temos a canção sem budismo, um poema de Leminski musicado por Oswaldo Rios. Originalmente o poema foi publicado no livro Distraídos Venceremos.

Integrante do grupo Viola Quebrada, um dos principais representantes da música de raiz no Paraná. Com quase 30 anos de carreira, Oswaldo Rios já passeou pelo pop e pela MPB, mas sua verdadeira paixão é a música caipira. Na década de 90 fez parte do projeto sertanejo “Três Paus”, ao lado de Sérgio Deslandes e Rogério Gulin, com quem ainda divide os palcos no grupo Viola Quebrada. Em sua trajetória artística, Oswaldo já gravou cinco CDs e um DVD. (fontehttp://www.curitibacultura.com.br/noticias/releases/paiol-reune-o-melhor-da-musica-caipira)

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Miriam Maria - Rosa Fervida em Mel (2000)

Neste CD, encontramos a linda canção Reza, feita a partir de poema de Leminski. O texto é retirado do livro La Vie En Close e foi musicado posteriormente por Zeca Baleiro. Um disco todo de primeira, com arranjos muito coerentes e a voz solta - porém precisa - de Miriam. Do repertório, destacaria Maná, As Asas, Meu Enxoval (com trombone do Bocato!), além da própria Reza, é claro. Aliás, Reza, com verso que da nome ao CD ("rosa fervida em mel"), na minha opinião, é uma prima, singela e profunda. Uma das músicas que mais ouço do repertório leminskiano. Como diria o professor Newton da Costa, "belo é tudo aquilo que resiste à familiaridade." Sendo assim, uma vez que não "me canso" da dita cuja, apesar da familiaridade, poder-se-ia dizer que a mesma é, esteticamente pensando, Bela.

Novo talento para o público, mas veterana no cenário da música popular brasileira, Miriam Maria já fez parte da excelente banda de apoio de Itamar Assumpção – as Orquídeas do Brasil –, integrou os vocais de apoio de Leandro e Leonardo e teve várias participações em discos de nomes como Chico César, Zeca Baleiro e Arrigo Barnabé. [...] Sua voz doce, apurada e fervida em oito anos de canto lírico e muita estrada, sim, muita estrada precoce como vocalista do grupo Canastra, quatro anos de canto dedicado às Orquídeas do Brasil, de Itamar Assumpção, participando de três discos, e formando o esperado trabalho ao vivo da clássica ópera MPB moderna ‘Clara Crocodilo’ (1999), de Arrigo Barnabé. (fonte: http://www2.uol.com.br/uptodate/miriam/)

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Ps. Esse é o primeiro CD do blog. Sigamos!