sábado, 29 de março de 2014

Bootlegs

Como eu havia prometido, faço, então, uma post apenas para comentar as canções de Leminski espalhadas em bootlegs. Pra que não sabe, o termo bootleg designa uma gravação de áudio ou vídeo que é compartilhada (ou comercializada), mas que não tem um lançamento oficial. É aquela gravação de estúdio que não foi pro Lp, gravações em rádios, registro de shows ao vivo. Hoje em dia, muita coisa tem sido semeada na internet, em forma de arquivos, como se fosse um CD mesmo.
Sendo assim, existem alguns bootlegs rodando por aí que nos interessam muito, de duas bandas paranaenses, mais especificamente: A Chave e Blindagem. Nesses "álbuns", encontram-se canções que são sabidamente de Leminski (como parceria), mas que não foram lançadas em nenhuma álbum oficial.
Vamos à eles:

A Chave:


Bootleg, possivelmente de 1975. Mais informações aqui.
Na coletânea, com letras de Leminski, constam: Blue Satanás, Mulher Interessante e Luva de Pelica.
Como sabemos que têm participação do Leminski nas obras? São citadas como parcerias na biografia de Leminski, feita por Toninho Vaz. Sobre Blue Satanás, há um relato do próprio Leminski. Diz que a música "pintou" com ele gritando um verso no ouvido do Ivo no meio de um ensaio.

lmsk (mp3)




De Ponta Cabeça (bootleg), 1977.
Com Leminski: Me Provoque pra VerBuraco no Coração, Luva de PelicaBlue Satanás.
As duas primeiras são conhecidas, porque também foram gravadas em compacto. As outras duas já estão no bootleg anterior.

lmsk (mp3)










 Blindagem:

Ao Vivo em São Paulo 1985 (Bootleg)
Com o blues Povo Desenvolvido é Povo Limpeza.

Cara & Coroa Sessions 1987 (Bootleg)
Com Vá a Luta.

Downloads aqui.

quarta-feira, 19 de março de 2014

A CHAVE - (CPS, 1977)

Este é o primeiro e o único registro oficial da banda curitibana A Chave. O grupo teve importância crucial na atividade de Paulo Leminski como letrista, o qual contribui em várias composições. Este foi o início de muitas parcerias com o cantor Ivo Rodrigues, que mais tarde integraria a banda Blindagem, que, por sua vez, gravou várias músicas com letras de Leminski. Foi o fotógrafo Haraton Maravalhas quem se encarregou de fazer as "apresentações formais" do poeta ao conjunto. O ocorrido se deu na "Casa Branca", uma casa, no bairro Mercês, que funcionava ao mesmo tempo como estúdio, centro cultural e morada. Sobre o encontro com os rockeiros, é o próprio Leminski quem comenta:

"Eu cheguei um dia - a gente morava no bairro das Mercês, eles tinham a Casa Branca ali na Padre Agustinho, que era nas Mercês - eu cheguei através de amigos comuns. Aí souberam que eu era poeta, vieram me pedir letras e ficou meio assim. E tinham umas outras doideiras no meio que nos aproximavam, coisas dos anos 1960 né, umas zuadeiras, assim, muito específicas. Então, de repente, eu cheguei lá um dia, na Casa Branca, eles me convidaram lá pra ouvir um som. Eu saquei que o português era o líder intelectual daquela jogada toda, eu peguei e escrevi num papel “por que não fazer sua própria coisa” e joguei. Foi assim que as coisas começaram, eles tocavam coisa dos outros, até eu chegar eles tinham uma música, daí a gente começou a trabalhar junto. E depois A Chave tinha dois músicos extraordinários, dos melhores músicos dessa área pop, que sãos os dois que estão em atividade, a saber, o Ivo e o Paulinho." (o "português" é Orlando Azevedo, de origem portuguesa, baterista e idealizador da banda)

Leminski, em 1977, chegou até a publicar um texto sobre o compacto que sairia ainda naquele ano. Neste registro, as duas canções são parcerias de Leminski, Buraco do Coração e Me Provoque Pra Ver. Como dito, esse é o único registro oficial d'A Chave, mas também pode-se ouvir algumas canções, parcerias com Leminski, em alguns registros não-oficiais da banda, que vamos comentar mais adiante aqui no blog.



Pra quem quiser saber um pouco mais sobre A Chave, achei esse texto bem bacana.

"A Chave foi o grupo precursor do rock paranaense, e atuou de 1969 a maio de 1979, quando foi dissolvido. Ao longo de sua carreira, tornou-se a mais importante banda de rock de Curitiba e continua cultuada até hoje. A Chave abriu na década de 70 todas as portas e mostrou o caminho das pedras para as centenas de bandas que surgiram na cidade após a sua dissolução. Quando a banda acabou, apesar de ter mais de 100 músicas próprias - uma boa parte tendo como letrista o conhecido poeta Paulo Leminski - não deixou nenhum registro em LP, tendo apenas lançado pelo selo GTA Gravações Tupi Associadas um raro compacto simples (1977), contendo as músicas Buraco No Coração e Me Provoque Pra Ver, ambas em parceria com o Lemisnki. A Chave desempenhou também um importante papel na solidificação do rock paranaense, iniciando vários processos de animação na vida cultural da capital paranaense, que estão presentes até hoje: shows ao ar livre em praças públicas e parques; concertos de rock em teatros; e grandes shows de rock em ginásios de esportes e estádios ao lado de bandas e artistas nacionais de destaque daquela década, além de participar de importantes festivais de rock como o Camburock, em Santa Catarina. Tocou ao lado de Secos e Molhados, Rita Lee & Tutti Frutti, Mutantes, O Terço, Made In Brazil, Casa das Máquinas, Joelho de Porco, Som Nosso De Cada Dia, Bixo da Seda e chegou até abrir um show do Bill Haley And His Comets, no Guairão (1975). Além de suas apresentações por todo o Estado do Paraná, o grupo também se apresentou em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Em meados do mês de julho de 2004, os quatro integrantes da extinta banda curitibana A Chave - Ivo Rodrigues (vocalista), Paulo Teixeira (guitarra e vocais), Carlão Gaertner (baixo) e Orlando Azevedo (bateria) foram pegos de surpresa com a descoberta de um CD pirata do grupo. O disco foi achado numa feira de colecionadores de discos antigos em São Paulo, pelos donos da loja Vinyl Club, de Curitiba, que deram de presente uma cópia ao vocalista Ivo, que toca atualmente na banda Blindagem, junto com Paulo Teixeira. Com o apoio operacional de Márcia Teixeira - mulher do guitarrista Paulo resolveram piratear o disco pirata (10 músicas ao vivo e duas bônus tracks do compacto) e reproduziram uma tiragem limitada com o mesmo formato e layout, essa tiragem logo se esgotou e a seguinte também. O mais curioso de toda essa história é o fato da banda ter pirateado o seu próprio disco pirata - sem conhecer o autor da pirataria - gerando um dado inédito e hilário no mercado fonográfico brasileiro. E, também constatar que 25 anos depois de sua dissolução, causa ainda o maior frisson na cena musical curitibana. A Chave, mesmo extinta, continua abrindo portas e indicando rumos no cenário do rock paranaense e brasileiro, provando que um trabalho de qualidade resiste à pátina do tempo." [texto retirado da internet, atribuído ao blog Cogumelomoon]

lmsk (mp3 + imagens)

terça-feira, 18 de março de 2014

Perdidas na internet

Para este post eu selecionei algumas canções que são sabidamente de Leminski (só dele ou parcerias), ou atribuídas a ele, mas que não tem um registro oficial. A maioria das gravações foram coletadas, portando, nesse imenso mar internético. Além dessas perdidas na internet, ainda existem as perdidas em gravações extra-oficiais, nos chamados bootlegs, que são álbuns montados com essa gravações (que a gente encontra na internet, é claro!). Para esses bootlegs montarei um post específico.


Essa nem deveria entrar aqui (comecei bem!) por que não é nem uma parceria, nem atribuída a Leminski. O fato é que, segundo o próprio poeta, a frase "ponha um arco-íris na sua moringa" é de sua autoria e iria ser usada no Catatau. Como Paulo Diniz usou em sua canção, Leminski tirou o texto do livro, em homenagem.



Essa aqui consta na biografia de Leminski, Um bandido que sabia Latim. Conta-se que era cantada pelo trio Duas Pauladas e Uma Pedrada (Paulo Leminski, Paulo Bahar e Pedro Leminski). A autoria é atribuída apenas à Leminski.



Explicações no início do vídeo.



Salomão Di Pádua diz estar preparando essa canção para entrar no seu próximo CD. Trata-se de uma poema musicado, do livro póstumo "Ex Estranho". Linda música.



A partitura dessa canção está no livro Além das Pérolas, de Hilton Barcelos, mas ainda não há registro musical oficial.


Poema musicado, retirado do livro Caprichos & Relaxos. Em 2013 a banda Porcas Borboletas também lançou uma versão para o poema.



Parceria de Ivo Rodrigues e Leminski, lançada no disco da banda Blindagem, em 1981. Essa é uma versão encontrada bem por acaso, que ficou bem legal, na minha opinião. Não há registro em CD.



Citada em uma das cartas de Leminski à Régis Bonvicino, conta-se que integraria o disco da banda Blindadem, de 1981, mas que saiu do álbum porque foi censurada pelos "analistas" do regime militar. Não gostaram do verso "e traga os bandidos."



Leminski, no meio de uma entrevista à Aramis Millarch, saca o violão e canta a sua Homem do Sul.

terça-feira, 11 de março de 2014

A Chave - O Sonho do Som Elétrico

A Chave - O Sonho do Som Elétrico [1]

P. Leminski

Enquanto o compacto do conjunto “A Chave”, de Curitiba, ainda está quente no forno, algumas considerações sobre esses músicos que, há 6 bons anos, no mínimo, vêm mantendo aceso o sonho de um som elétrico em Português, nesta região tão distante do eixo Rio-São Paulo, onde as coisas acontecem.
“A Chave” (Orlando, Ivo, Paulinho e Carlão) é mais um conjunto de roque nacional? “A Chave” não é apenas mais um conjunto de roque nacional. É mais um porque usam o clássico voz-guitarra-baixo-bateria que, desde Beatles e Stones, são os ingredientes desse prato de alta voltagem. Não é apenas mais um conjunto de roque porque seu compromisso é com a produção de um som em português. Ligado à realidade brasileira. Refletindo e criticando a sociedade de consumo que aí está, em suas contradições, ridículos, mitos e neuroses.
Humor. Violência. Sarcasmo. Brutalidade.
O 1° compacto (depois de anos de luta e espera) traz “Me provoque pra ver” e “Buraco no coração” (letras minhas).
É claro que perante um produto cultural-industrial como esse, sempre a gente vai colocar a questão da legitimidade do roque como manifestação autenticamente brasileira.
Mas essa discussão nasce sempre viciada por esquemas artesanais, pré-industriais, nostálgicos. Como se a cultura brasileira fosse um objeto de substância rara que tivesse que ser preservado de influências estrangeiras e de ataques de corsários franceses, holandeses, ingleses, fenícios...
Mas “A Chave” tenta a difícil antropofagia (no sentido de Oswald de Andrade): assimilação crítica, grossa e debochada do aporte exterior. Se isso não basta, então, não basta.
Mas procurem ouvir o disco.
É, como dizem por aí, um barato.

NOTA:

1 - Folha de Londrina, 22 nov. 1977 “'A Chave': O sonho do som elétrico.”

sexta-feira, 7 de março de 2014

Blindagem - CPS (1981)

Como era de costume, antigamente, antes de lançar um Lp (long play), que continha uma média de 12 faixas, os artistas lançavam antes um Compacto Simples, com, geralmente, 2 faixas. Era uma espécie de promoção, para dar um "gostinho" ao público e incentivá-lo a comprar o Lp a ser lançado. No final das contas, a gravadora acabava ganhando um pouco mais com o mesmo produto. E assim chegou ao mercado esse compacto, sendo que no mesmo ano, 1981, a banda Blindagem lançaria um Lp que continham as duas canções aqui presentes e muitas outras. Das duas obras do compacto, uma  é Oração de Um Suicida. Parceria de Leminski com seu irmão, Pedro Leminski, é, sem dúvida, um dos grandes hits do conjunto. A letra, com intenção realmente depressiva e suicida, inicialmente, trecho este escrito por Pedro, foi "suavizada" por Paulo, que tratou de caminhar por uma vereda mais idealista e menos introspectiva, levando a problemática, na segunda parte, para o lado do planeta terra e o perigo que o ameaçava: uma bomba nuclear. Uma fato triste, é que Pedro realmente se suicidou, em 1986.
A outra faixa do disco é Berço de Deus, uma regravação de uma moda gravada por Milionário e José Rico. Na interpretação da banda, a canção se torna um blues, num intercâmbio de gêneros rico e original. A viola fica a cargo de Almir Sater.
Outra curiosidade desde compacto é a cor azulada do vinil, não muito comum.

lmsk (mp3 + imagens)